sexta-feira, julho 17, 2009

Da consagração à desmesura

A passos largos o sentimento de não pertencimento caminha entre vários de nós, independente do sexo, da idade, da cor, do credo e da classe econômica. Chavão politesco? Talvez. Mas, o fato é que cada um de nós presencia, cotidianamente, homens e mulheres lutando para fazerem parte de algum grupo. Claro está que encontramos figurões que não aceitam fazer parte de um grupo que os aceitem (é verdade!). Insatisfeitos? Se não se deixam classificar, já fazem parte de um grupo: dos "inclassificáveis".
Ah, que sentimento angustiante esse do querer-pertencer! Mais angustiante é perceber os efeitos do não pertencimento - normalmente, devastadores, como em graves episódios de violência. Mal da nossa época? Talvez apenas um deles - relegar e banir são atos que contêm a marginalidade.
Na antiga Atenas, lutava-se para representar a cidade. Cada um de seus cidadãos preocupava-se unicamente em se desenvolver de maneira que pudesse servir sua cidade de sua máxima agilidade. Bem diferente das ambições modernas, a postura grega era contrária ao desmedido - correr e jogar, somente pela própria cidade. Desse modo, ficava claro que o grego se colocava como meio de consagração de sua terra. Vaidade? A vaidade que se construía ia ao limite do que lhe era próximo, do que era tangível ao humano, do que era possível, e isso refreava e punha limite ao egoísmo desmesurado. Por isso, os indivíduos da antigüidade eram mais livres, porque seus objetivos eram mais próximos e mais alcançáveis. O homem (pós-)moderno, ao contrário, tem a infinidade cruzando o seu caminho em toda parte. Para ele, o céu não é o limite, e o incalculável só faz cócegas. Não há grupo que o satisfaça.
Foto: Atenas.

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