domingo, outubro 29, 2006

parakepractibum


É sabido que em todo outono, altos tons trilicritantes sonorificam o tônus do corpo das árvores, trazem mais tonicidade, e, por isso, alegres que ficam, fincam com punho firme na História contrales e oleripactes os salvos da inércia - eu disse salvos da inércia... Portanto, espívitas líveas, linos de suaves soares e abrandantes cantos para todos os que sabem das idas e vindas da abalada Sinfra de Quierus. Para todos que praticam esse aquecimento, brindemos gritando o mais silencioso - pois que estar só nunca significou tristeza, a não ser para aqueles que têm como companheira a inércia. Obstinação e coração selvagem, marés e explosões de ondas, luz cinzenta e figura solar... blaupunkt e patavinas...
(aiai, meus sapatos estão me esperando para com eles prosseguir, cansei das bolhas)

segunda-feira, outubro 16, 2006

Voyeur


Foi ali, naquele canto, que te vi como nunca te vi antes... Ah, só eu vi seus olhos daquele jeito - eu, o privilegiado. Quanta coisa presente no momento em que te vi da maneira que nunca tinha te visto: vi alegria, dor, prazer, franqueza, força e delicadeza, vi entrega, desespero, porto, navio, nave, cabelo e olhos... vi dúvida e vi certeza... vi rasgos e feridas, mas vi também sorrisos e molecagens... O tom da certeza... Só eu vi isso tudo e não vi mais nada... Esqueci de mim e fechei os olhos, mas, ainda assim, estava olhando para você... daquele jeito...

sexta-feira, outubro 06, 2006

A incapacidade de ser verdadeiro


"Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões-da-independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
-­ Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia".
Carlos Drummond de Andrade.