terça-feira, setembro 30, 2008

Ato falho



Cometi um ato falho ontem. Foi com um amigo meu, por telefone. Depois que falei, fiquei pensando em como realmente os atos falhos sempre são bem sucedidos (essa é uma ótima discussão). Foi no espanto que eu disse:

Você sabe que aprendeu a navegar
quando o vento já não é mais tão
necessário.

É absurdo, mas foi assim. Credo qui absurdum.

sábado, setembro 20, 2008

Tópicos para uma grande saúde

Sem vaidade - Quando amamos, queremos que nossos defeitos permaneçam ocultos - não por vaidade, mas para que o ser amado não sofra. Sim, aquele que ama gostaria de parecer um deus - e isso também não por vaidade.
O que fazemos - O que fazemos não é jamais compreendido, mas somente elogiado e criticado.
Ceticismo derradeiro - Quais são, afinal, as verdades do homem? São os erros irrefutáveis do homem.
Com um grande objetivo - Com um grande objetivo, somos superiores até à justiça, não apenas a nossos atos e nossos juízes.
O que torna heróico? - Ir ao encontro, simultaneamente, da sua dor suprema e da sua esperança suprema.
Em que acredita você? - Nisto: que os pesos de todas as coisas precisam ser novamente determinados.
O que diz sua consciência? - "Torne-se aquilo que você é."
Onde estão seus maiores perigos? - Na compaixão.
Qual o emblema da liberdade alcançada? - Não mais envergonhar-se de si mesmo.
Aforismos 263, 264, 265, 267, 268, 269, 270, 271 e 275 de "A gaia ciência", de Friedrich Nietzsche.
Foto: cena do filme "Dias de Nietzsche em Turim"

sábado, setembro 13, 2008

Lobotomy, lobotomy, lobotomy!

Gervásio ficou nervoso e foi internado numa instituição psiquiátrica. A mãe, chorando, com olheiras de dias sem dormir e descabelada, diz que não agüenta mais as idas e vindas de anos a hospitais e a consultas que parecem não dar resultado algum. "O que fazer para esse menino ficar quieto, meu Deus? Ele bate em todo mundo lá em casa. Eu não tenho nenhum móvel inteiro, e todos os vasos de planta que eu tinha ele quebrou". O sofrimento não é só esse: falta dinheiro, falta trabalho, falta estudo e falta espaço. "Ouvi dizer que tem uma cirurgia que ele pode fazer. Olha, moço, eu peço até esmola na rua pra pagar essa cirurgia na cabeça do meu filho". Espaço para quê? Para Gervásio ficar nervoso tranqüilamente.

Esses dias tenho me defrontado com uma questão um tanto intrigante: a lobotomia (parece-me que agora há um novo nome para ela, acredito que um eufemismo) ainda está em voga!

Cotidiano travesso esse pelo qual atravessamos, em que querem, o tempo todo, tirar o que é nosso... Isso me intriga tanto que fico me perguntando como vamos nos salvar. Não sei se salvar a mim, a nós, a todos, e nem se é a palavra certa, mas tenho que aceitar o convite de Ana Cristina César:

"Estou vivendo de hora em hora, com muito temor

Um dia me safarei - aos poucos me safarei

começarei um safari"


Só assim para enfrentarmos os leões!!!

PS: O título é parte da letra de "Teenage Lobotomy", do Ramones.