e somente observar parece vivo.
Tudo lança um sabor complementar
de forte inteligência como em livro.
Cada pássaro que em seu vôo propala
minha extensão, deseja que eu consinta.
E eu consinto. Essa força sucinta
não me apavora mais, pois me embala.
Me encontrarão, no anoitecer profundo,
depois de ter passado o dia inteiro,
janela incansável, em teu celeiro,
para ser outra metade do mundo.
Homenagem ao meu amigo Guilherme Gontijo.
Fonte: RILKE, Rainer Maria. As Janelas, seguidas de poemas em prosa franceses. Organização e tradução de Bruno Silva D'Abruzzo e Guilherme Gontijo Flores. Belo Horizonte: Crisálida, 2009.
Pintura: Morning in a city, de Edward Hopper, sem data.