sexta-feira, janeiro 30, 2009

Vento Bravo


Era um cerco bravo, era um palmeiral,
Limite do escravo entre o bem e o mal
Era a lei da Coroa Imperial
Calmaria negra de pantanal
Mas o vento vira e do vendaval
Surge o vento bravo, o vento bravo

Era argola, ferro, chibata e pau
Era a morte, o medo, o rancor e o mal
Era a lei da Coroa Imperial
Calmaria negra de pantanal
Mas o tempo muda e do temporal
Surge o vento bravo, o vento bravo

Como um sangue novo
Como um grito no ar
Correnteza de rio
Que não vai se acalmar
Se acalmar

Vento virador no clarão do mar
Vem sem raça e cor, quem viver verá
Vindo a viração vai se anunciar
Na sua voragem, quem vai ficar
Quando a palma verde se avermelhar
É o vento bravo
O vento bravo

Como um sangue novo
Como um grito no ar
Correnteza de rio
Que não vai se acalmar
Que não vai se acalmar
Que não vai se acalmar
Que não vai se acalmar
Que não vai se acalmar.
Composição de Edu Lobo e Paulo César Pinheiro.

Acalma-te para viveres o tempo novo.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Da volúpia do sexo ao mais singelo olhar


Quem adivinharia que eu a beijara nas pálpebras uma vez, e que só eu e ela saberíamos o quanto isso também foi gostoso, e que só nós saberíamos o motivo daquele doce sorriso? Quem iria me olhar de sobressalto e, de sobressalto, simplesmente entender o motivo da minha felicidade ou da minha tristeza senão a minha amada? Quem saberia exatamente o quanto o corpo dela me incendeia? A verdade é que há verdades que só nós dois conhecemos de tantos conhecimentos que nos são revelados no passar dos dias devassados - ninguém, só nós podemos falar disso. Não me interessa a plenitude - aquilo que é perfeito, fechado em equilíbrio, não tem motivos para continuar a vida. O que me interessa é a tensão que só o conflito entre o carnal e o singelo pode representar, pois é da vitória de um sobre o outro e do outro sobre o primeiro que o caminho do amor é traçado.
Te amo, minha linda!
Serigrafia: "Couple d'amants", de Egon Schiele.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Sentimentos

Hoje é o primeiro dos meus dias. Ontem já virou história. Fui ontem papel rabiscado, e hoje já sou o que foi apagado e escrito novo, assim como já me preparo para mais um toque de letras em meu corpo branco no dia de amanhã. Começo-o já com as memórias de escritas passadas, posto que é delas que me nutro do que é simplesmente vital. Posto que, ainda que a hora de agora seja totalmente nova, que a chuva, apesar de chuva, não seja a mesma de dias atrás (chuva também vira história), posto que é do amor da minha amada, da minha família e dos meus amigos que me sirvo do mais maravilhoso banquete que a vida pode oferecer. Levo para amanhã sempre o medo do novo, mas minha cabeça se ergue a cada instante de carinho dessas pessoas. Com tais seres, levo-a para encarar o novo raio de sol com olhos sempre prontos para uma nova visão.
Os sentimentos não são de ontem - hoje o amor é mais suave e mais intenso, cada vez mais carolíneo, e a amizade é mais forte e mais delicada, cada vez mais brotherhoodiana.
Pintura: "O beijo" (1907), de Gustav Klimt.