segunda-feira, julho 17, 2006

O que te ilude (?)...


"Vamo brincá de ficá bestando e fazê um cafuné no outro e sonhá que a gente enricô e fomos todos morar nos Alpes Suíços e tamo lá só enchendo a cara e só zoiando? [...] Vamo brincá de morrê, porque a gente não morre mais e tamo sentindo saudade até de adoecê?"
Talvez essas palavrinhas da D. Hilda Hilst sejam um bom começo para o post. O que se pode tirar disso? Sonho e ilusão... Sonho de riqueza e prazeres, ilusão de um corpo limpo. (Sei que tem gente que vai ler isso e vai dizer: "Ixi, lá vem ele com essa história de novo". Bom, a história taí.)Por que "saudade" de adoecer? Fruto de uma "brincadeira" de não querer morrer mais? Que ilusão está presente nessa onda de ter tal "saudade"? Se "felicidade" tem sido o objetivo, cuidado... "vai, viaja, foge daqui que a felicidade vai atacar pela televisão e vai felicitar, felicitar, felicitar, felicitar, felicitar até ninguém mais respirar"... Quem diria, hein? A felicidade atacando... e ela sufoca.
A fantástica cidade do cinema. Hollywood e a sagrada família das celebridades cheia de vida perfumada e luxuosa... Quem não gostaria? Afinal, a felicidade é Hollywood, não? Ou pelo menos é o que tentam nos dizer... A construção da felicidade tem grande influência de uma vida hollywoodiana, mas gostaria de colocar o seguinte: "menina, amanhã de manhã quando a gente acordar quero te dizer que a felicidade vai desabar sobre os homens". (Queria saber se alguém, dos que estão lendo, já se atentou para isso.) Perdido nessa região que temos a impressão de nos receber de braços abertos (vocês já viram uma foto de Los Angeles?), sabemos o quanto não se tem lugar lá, o quanto a luz do sol está sendo esquartejada (o sol é para poucos): "You should’ve never trusted Hollywood".
Só para terminar: "O que te ilude é Roliúde, Roliúde-úde".
Agradecimentos especiais à Hilda Hilst, Tom Zé e System of a Down, assim como às pessoas que me apresentaram a essas preciosidades cotidianas.

Um comentário:

Lidiane disse...

Hilda Hilst...
Já te disse, amo essa mulher!

Olha, quero felicidade de Hollywood não. Quer minha felicidade aqui, sem carro de vinte metros, estrelas morrendo de overdose e mansões bem iluminadas.

Prefiro a felicidade de ser todo dia eu e subir mais um degrau de vitória.

Beijos.