sexta-feira, julho 21, 2006

Esperança

- (Ele, aos prantos) Por favor, por favor... Não diga que é assim, minha. Por favor, não diga que as vozes do mundo blasfemam o sol. Nosso deus precioso e único é o correto e é o que dá linha para nossa vida, para nosso contorno - linha para o meu contorno... por favor, minha, não diga que é de outro modo... De que modo seria, não sei, mas não esse... A escuridão nos mataria e não ter linha é ser areia que se esvai pelas mãos... é ser água, não mercúrio... O sofrimento sem a linha é infinitamente insuportável... por favor... não diga... não...
- (Ela, chorosa, consola) Sim, meu... Assim sonhei... Um levante... A cada dia prepara-se as mãos, os punhos, as pernas e as articulações possíveis para que o corpo não perca essa linha de contorno... Cria-se um campo de batalha para que o corpo não se perca de si. Dói sonhar assim... sofro contigo, mas assim sonhei...
Indivíduo, pretenso unívoco que sofre do contra-senso de querer ser uno e reto. Sua esperança:
"Que o sol ilumine esse emaranhado que é o homem, que a energia lhe tire o caráter expanso-nocivo. Que seja reto e nunca torto, visto que desde sempre percorre o mundo morto e que permaneça assim - morto. Que o sol lhe traga à luz, e, desse modo, o exima daquilo que corrói. Nunca mais a escuridão, nunca mais a expansão".
A barreira está nesse sol que resseca a elasticidade da mão, que não permite que se feche, que não permite que seja forte, que não permite que golpeie, que não permite que golpeie, que não permite que golpeie, que não permite força, golpe. Que não seja mais esse sol, mas o que dança, o que permite andar descalço - o que desbanca qualquer tentativa de ser sapato lustrado. Mas "quanta verdade suporta, quanta verdade ousa um espírito?"(Friedrich Nietszche).
"... é atraente tratar a confusão de formas que o mal toma como meio de tentar enfrentar a sua total inexplicabilidade. Se as razões ou motivos para a ação são inexplicáveis ou não, depende de como uma cultura organiza suas idéias sobre o mundo e a natureza humana" (Mark Hobart).
Obs.: Escultura "Jeanne d'Arc (Head of Sorrow)", de Auguste Rodin.

7 comentários:

Bruno disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Adoro Rodin, disso acho que vc já sabe...
Mas, o que vejo?
Bruno se tornando um escritor de peças?
;))))

Beijo, psicológo querido.

Anônimo disse...

Passei para dar um oi. Dizer que vou lendo...sempre...o meu amigo... agora em carreira solo...rs
Beijos

Anônimo disse...

gostas de brigar com a retidão. acho bonito isso.

Anônimo disse...

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