segunda-feira, julho 23, 2012

Sobre agressividade e sociedade

Infelizmente, têm se tornado comuns notícias de pessoas mortas por jovens adultos em lugares públicos, como ocorreu num cinema de Aurora, Colorado/EUA (a cerca de 30km de Columbine, lembra?). Sem dúvida, trata-se de fato desolador, e sempre remete comunidade científica e policial a teorias que tentam explicar a motivação do assassínio.
De maneira geral, a população fica curiosa em saber se se trata de uma psicopatia, uma psicose, de uso abusivo de drogas, etc. Não à toa, publicações semanais e jornais estampam fotos 3x4 dos assassinos com questões postas ao lado relacionadas a diagnóstico psicológico ou psiquiátrico ("coisa boa identificar essas pessoas, que pode ser qualquer um... só não pode ser eu...", pensam seus leitores). A tendência é a culpabilização individual - o que a priori não é equivocado.
Barack Obama, em pronunciamento sobre o acontecido em Aurora, e a cuja integralidade não tive acesso, diz que, por mais que seja identificado o assassino, ainda não seria possível entender o que leva uma pessoa a cometer tal ato. Seria um momento de sensatez e de percepção do atravessamento da agressividade no social e no sujeito? Bom, de qualquer forma, seria equivocado não ler nesse discurso que não entender o fato é não entender a presença constante da agressividade nas relações.
O ponto delicado da questão não é apenas esse: a sociedade se questiona sobre quais tipos de relação produz? A partir disso, que limites encontramos em teorias que analisam o acontecimento sob o escopo do social? E as que privilegiam estritamente o individual?
Na cena desse rizoma que é a vida cotidiana, esfumaçado é o sujeito, sem consistência, sem gravidade e sem qualidades...
Pintura: Premonição (1936), de Salvador Dali.

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