
Ao desamparo da vida, encharcado de angústia, o homem segue o que de mais simples poderia criar como resposta: "O homem luta por reconhecimento". A essa máxima hegeliana, só podemos entrever nossa humanidade demasiada humana. Humanidade sedenta de sentido, sedenta de locupletações. Briga vã, pois, como disse Sartre, "O homem não pode desejar nada, a menos que antes compreenda que ele só pode contar consigo mesmo".
"One day you'll walk alone". Não. Desde sempre andamos sozinhos. Se é que podemos apostar em alguma garantia, podemos desejar algo a partir do momento em que podemos contar conosco. Assim como da psicanálise, que coloca o desejo como única garantia humana, é achado do existencialismo sartriano a liberdade da escolha - free will. Esse é o paradoxo do maniqueísmo religioso: Deus nos põe nos mesmos maus lençóis que seu antagonista.
À decisão pela vida regada à corrupção (e variados são os meios pelos quais nela se entra), à decisão pelo usufruto do que do outro podemos usar e abusar, à decisão pelo extermínio do que o outro nos traz como obstáculo, contrapõe-se a bondade, o ascetismo, a vida regrada, a reverência? O sacerdote, aqui, ocupa os dois lugares.
E, disso tudo, só podemos pontuar que, como sabiamente conceituou Heidegger, "O homem é um ser-aí no mundo". Ele e seu livre-arbítrio.
Cena de "O advogado do diabo".
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