quinta-feira, maio 21, 2009

Perspectivas e incoerências

Para mim, o mundo é de tal jeito. Para você, o mundo é de um jeito outro. Para a planta, o mundo é tal e tal. Se pronuncio "silêncio", não o há mais. Há bem e mal? Se aponto o ponto luminoso, o instante não é mais o mesmo, e a ponta do dedo não está mais certa. Se vislumbro o futuro, quanto dele já é passado? Se tento abraçar o presente, quanto do agora já se foi? O passado é rígido ou rígido é o modo como o levamos adiante? Águas passando por debaixo da ponte.
A vida às vezes parece a tentativa de uma libertação progressiva de algumas perspectivas. Alguém consegue ser realmente neutro? Nosso conceito de mundo vale para nós como sendo mais coerente, mais verdadeiro.
Ora, deixa eu brincar um pouco com as incoerências. Se gosto das perspectivas, é justamente porque a interpretação se tornou o grande deus da modernidade - e o grande diabo. Sem verdades, sem coerências. Vida e morte no palácio das angústias, e a dança embelezando a distância entre os homens. Para a planta, o universo inteiro é planta - para nós, é homem.
Pintura: "The bridge", de Egon Schiele.

Nenhum comentário: