
Parece-me que se trata do Bem contrário do Mal (claro!), mas a noção do Mal está muito inespecífica hoje em dia. Por exemplo, antes, sabíamos de maneira bastante objetiva quem eram os bonzinhos e quem eram os que deveriam ser derrotados nas guerras. As batalhas expunham um confronto direto entre os inimigos - lembre do Kuwait, no início dos anos 90, ou até mesmo das batalhas dos filmes de época. Com os anos 2000, porém, não se combate mais o inimigo, mas o Mal (afinal, é uma "guerra contra o Mal"), que, com a onda do fundamentalismo e toda a paranóia que se criou com isso, pode ser tudo e qualquer um. Ser tudo e qualquer um. Perceba, então, que o Bem, se for o contrário de Mal, é tão extenso e inespecífico quanto este último. Algo bastante diverso da época aristotélica, em que se buscava o Bem Supremo, a felicidade de estar próximo de Deus, local de completude.
"Atitudes do bem" e felicidade não deveriam ser um imperativo, ainda mais de algo tão inespecífico. Mas, ambos o são, e são apresentados como tal, fazendo com que a sensação de completude se dê pela ausência do querer. E como viver assim? Imperativos são para quem tem medo de desejar.